30 de junho de 2008

Enfim, nosso teatro?

Por GUSTAVO FALABELLA ROCHA
O teatro costuma buscar temáticas universais. Faz recortes históricos para falar de realidades que se aproximam de todos os povos. Isso costuma se esperar de espetáculos que costumam percorrer o mundo e Festivais para se apresentar diante de diferentes platéias. Relações de poder, exploração de trabalho, diferenças sociais, busca de identidade, busca de sociabilização etc.
Quais seriam, portanto, as questões do teatro feito na América Latina?

A Mostra de Teatro Latino-Americano dentro da programação do IX FIT parece apontar algumas respostas. Essa que, aparentemente, trata de mera coincidência geográfica parece trazer reflexos do contexto social da América Latina. O engajamento político encarado por muitos como indício de arte panfletária, divide opiniões. Os governos totalitaristas, marcam a estória recente da América Latina, então, por um Festival que traz um leque de opções de vários países do continente, questões políticas não passariam em branco. As equatorianas do Malayerba, grupo do conhecido dramaturgo e diretor Arístides Vargas, traz uma antiga frase de Che Guevara, como bandeira: "hay gobierno, soy contra". Parece coerente com o papel que as artes ocupam em situações extremas: resistência e vigilância do Pode Público.
A companhia que tem papel precursor no Equador, trará ao Festival dois espetáculos "A Moça dos Livros Usados" e "Nossa Senhora das Nuvens". O primeiro, analisa a repressão enfrentada por mulheres em várias instituições: família, exército e hospital; o segundo, trata da memória de um pequeno povoado.

Os brasileiros do Arte da Comédia (Curitiba/PR) lembram de uma frase de Henfil para falar de questões políticas e também da folclórica falta de memória do brasileiros: "Brasileiro tem memória de apenas 15 anos". O grupo, dirigido pelo italiano Roberto Innocente, traz a Belo Horizonte o espetáculo "Aconteceu no Brasil enquanto o ônibus não vem". A pesquisa parte das máscaras da Comédia Dell'Arte na tentativa de desenvolver uma linguagem própria. Brasileira. Na pesquisa, uma base cômica com elementos híbridos. Além disso, as mulheres também usam máscaras, diferente do clássico italiano.

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by Sense8